RECEBA
Poesia de Alexandre Gianechini de Araújo
A Lua, cheia e redonda, brilha alto
O rio Crôa é largo e extenso
E abarca todo o horizonte
Separando a Terra do Céu
De onde eu estou
Posso ver os dois extremos: o Leste e o Oeste
O Oriente e o Ocidente
Vejo a curvatura da abóboda celeste
É como se nada mais existisse
Só a lua, a noite, a jangada e este rio
Por um instante, me sinto no Nilo
Indutor da vida
que fertiliza os campos
Misericórdia abundante
Generosidade
Receba
Receba a brisa da noite como um beijo
Sinta o cheiro da floresta
O hálito da noite
Entre no sonho da selva
Receba essa água da chuva como um batismo
Pois esta é, realmente,
Uma vida totalmente nova.
Teu receptor antigo foi estilhaçado
Já não há mais limites
Para a Luz que podes receber
Receba o Sol da manhã como uma dádiva
Um recomeço
O brilho de um fulgor tão esperado
Como Osíris
Como Lázaro
Pare tudo o que estiver fazendo
Contemple, cheire, sinta
Perceba a doçura da noite
Os encantos do Norte
Ouça as palavras do vento
Ele vem do Leste
Assobiando ao longe, como um pássaro
E então,
De dentro desta vasta quietude
Ouça esse canto como uma bênção
Proferida pelo Céu
A partir de agora
A beatitude será ilimitada
Não há mais limites para as dádivas que podes receber
Nem para a Felicidade que podes criar
Receba.
Alexandre Gianechini de Araújo.
São Paulo, 26 de fevereiro de 2013.
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